sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Fracis Hime lança novo CD pela Biscoito Fino

Aos 70 anos completados em agosto, 40 anos de carreira, Francis Hime (também marido de Olivia Hime) aparece com novo CD, duplo e luxuoso, chamado 'O tempo das palavras... Imagem', lançado pela Biscoito Fino. O lançamento traz parcerias com Joyce Moreno (a bacana 'Adrenalina', que abre o CD), Geraldo Carneiro (parceiro em seis composições), Edu Lobo, Paulinho Pinheiro e Paulinho Moska. Monica Salmaso canta em 'Maré', parceria dele com sua esposa.

O primeiro CD, que traz 12 novas músicas, mantêm a elegância e a classe da obra do Francis Hime de sempre. A construção melódica rebuscada de 'Maré' chama a atenção e é emoldurada por um piano melancólico e estiloso, cabendo perfeitamente com a voz da convidada Mônica Salmaso. Já 'Para Baden e Vinicius' é um sambinha meio jazzy com letra otimista em homenagem aos grandes músicos. 'Radio Cabeça' fala de música dentro do cérebro, como se fosse uma rádio, com arranjo bem brasileiro, "com sambas, calangos, tangos, bossa-nova e jazz".

Em "Amor Perdido" Francis Hime conquista os corações românticos e é uma ode ao amor que se foi. A belíssima letra fala em "Como inventar a minha arquitetura, sem o teu céu acima do meu sol?" O álbum segue com "O Tempo e a Rosa", "Há Controvérsias", "Estrela da Manhã", "Eterno Retorno" e "O Tempo das Palavras", esta última muito boa e que, embora não seja, parece parceria com Chico Buarque, mas é poesia de Geraldo Carneiro.

Já no segundo CD, apenas de piano solo, o primeiro da carreira dele neste formato, Hime contempla as trilhas de cinema por ele compostas. São originais dos longas-metragens 'Dona flor e seus dois maridos', 'O homem que comprou o mundo, 'A Estrela Sobe', 'O Home Célebre', 'A Noiva da Cidade', 'Lição de Amor', 'Marcados para Morrer' e 'Marília e Marina'. São 25 temas que marcaram o cinema nacional das últimas décadas. Francis Hime conversou com a gente. Abaixo, em cinco perguntas.

Leonardo Rivera - Como surgiu a idéia do disco duplo, sendo o instrumental o seu primeiro de piano solo em tantos anos de carreira?

Francis Hime - Surgiu através de um papo com Tarik de Souza, que é o curador da caixa que íamos fazer este ano, mas ficou para o ano que vem, comemorando meus 70 anos. Eu tinha idéia de fazer um CD de inéditas, mas Tárik sugeriu um disco com as trilhas que compus. Pensei que ia ser complicado por causa das orquestrações, mas tive a idéia de revisitar minhas partituras - e fazê-las em piano solo. Muitos dos filmes eu nem revi, outros viraram clássicos, como Dona Flor. Acabei gravando mais do que eu poderia, utilizei o tempo máximo da mídia, são 25 temas. Fui fazendo em meses, sem pressa ou prazo, eventualmente ele sairia na caixa, mas resolvi acoplar o Cd de inéditas com este piano solo das trilhas. Sempre fui muito ligado à musica de cinema, estudei trilhas na década de 60 nos EUA.

LR - Tem planos de fazer alguma trilha de cinema nos dias de hoje?

FH - Semana que vem tenho um encontro com o Zelito Viana, ele me convidou para fazer a trilha de um documentário. Luis Fernando Goulart está definindo um roteiro e está pensando... eu gosto muito de trabalhar em cinema, é um trabalho em equipe, temos que ser conduzidos pelo grande maestro que é o diretor, podemos conduzir o espectador... oferece muitas alternativas, uma cena pode funcionar melhor com música e outra sem, é dinâmico e prazeroso. A gente fica pensando no publico, em como chegar nas pessoas.

LR - Você ainda acredita no formato físico do CD?

FH - O CD hoje se transformou num cartão de visitas. O formato realmente mudou muito, temos a internet e devemos saber como usar para chegar ao publico. O que interessa é isso. Não é que o artista vá compor sob esta pressão, mas quando se compõe, se quer transmitir o sentimento ao outro. Mais e mais se valoriza contato físico, em shows, apresentações, isso que é valorizado. É o paradoxo, pois na época moderna temos a comunicação multiplicada, mas precisa-se do contato físico e imediato com as pessoas.

LR - Ter sua esposa como diretora artística interferiu em alguma coisa no seu trabalho?

FH - A Biscoito Fino surgiu para ser benéfica, e o é para mim e para vários artistas. Tem uma visão voltada para o que o artista pensa, os colegas expõem seus projetos, e estes são encaminhados com o viés do artista. Isso é fundamental no sentido de valorizar a criação. Comecei a trabalhar mais, fazer mais discos, eu ficava lá no piano no fim de semana, gravando, experimentando, pesquisando as trilhas. Incentivou muito positivamente.

LR - Geraldo Carneiro é seu parceiro mais constante? São 6 parcerias com ele!

FH - Ele é meu parceiro mais constante nesses últimos anos e o formato de nossa parceria é em 90% de canções criadas para poemas dele, que eu pego e faço música. Ele manda as letras por email, gosto de dormir tarde, fico na madrugada musicando. Ele está numa fase esplêndida de criação, e se indagava se ainda valia à pena fazer canções, se elas são menos gravadas e tocadas hoje em dia. E eu dizia "Precisamos nos expressar, senão a gente morre. Nossa vida é nossa expressão". E Geraldinho é cada vez mais ativo, ele lança segunda-feira um disco-livro para crianças, no Planetário. Eu vou lá cantar!

Testemunhas do fim de uma Era

  Estamos assistindo ao fim de uma geração que não tem substitutos à altura Vi um comentário do jornalista e crítico Mauro Ferreira (G1) ...