quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Rita Ribeiro mantém a vida do projeto Tecnomacumba

Sem promessas de novas edições, cantora e compositora maranhense explica a vida útil do projeto que solidificou sua carreira

Rita Ribeiro é bacana, simpática e amável. Uma ótima artista que saiu do Maranhã – como a Alcione! – e se jogou no Rio de Janeiro com força de vontade para fazer acontecer sua carreira. No início, através do selo MZA, do produtor Mazzola, foi chegando por aqui e ocupando seu devido espaço entre as intérpretes que começavam a surgir na década de 90 em plagas cariocas. Eis que, muito trabalho depois, ela solidifica sua carreira com o CD e DVD Tecnomacumba, que nasceu fazendo a diferença e manteve uma carreira de seis anos, independente dos planos de quem o idealizou.

“Minha idéia inicial era fazer um mês de show, mas isso virou três anos e isso culminou no registro em estúdio. O DVD dá a impressão de finalização de um ciclo e o início de outro. Resolvi parar de dizer que eu vou parar com o Tecnomacumba, porque ele é muito solicitado. Foi um divisor de águas na minha vida e na minha carreira. Chamou a atenção por trazer à tona a religiosidade na MPB e outros sucessos do cancioneiro brasileiro”, disse Rita com exclusividade, por telefone, à nossa reportagem.

Demorou um pouco, mas ‘Tecnomacumba - a tempo e ao vivo’ acaba de chegar às lojas e o show de lançamento é hoje, dia 26 de novembro, no Circo Voador, Lapa (RJ). Ela ainda conta com as participações especiais de Márcio Local e Jongo da Serrinha. O show será precedido por um desfile da última coleção da Balaco, marca da estilista Júlia Vidal especializada em roupas inspiradas na cultura afrobrasileira. É a segunda vez que Rita Ribeiro leva seu aclamado show, já visto por mais de duzentas mil pessoas em todo Brasil, ao palco do Circo Voador.

O DVD Tecnomacumba - a tempo e ao vivo é fruto da parceria entre Manaxica Produções Artísticas, Canal Brasil e Petrobrás e conta com a distribuição da gravadora Biscoito Fino. Trata-se do primeiro DVD de uma carreira de vinte anos que inclui quatro discos, participações em coletâneas e projetos especiais e inúmeros shows.

"Tecnomacumba é mais que um show. Quando eu o levei ao palco pela primeira vez já era uma intervenção cultural. De lá para cá, suas relações com outras expressões culturais ou artísticas afins só foram aumentando. Por isso, é que convidei a estilista Júlia Vidal para apresentar sua coleção de moda inspirada na cultura afrobrasileira antes do show propriamente dito. Será uma boa oportunidade de o público apreciar a moda diferenciada da Balaco e, ao mesmo tempo, perceber que a herança cultural africana não se faz presente só na música", explica Rita Ribeiro.

A cantora sempre quer ressaltar que a MPB deve à religiosidade afrobrasileira. "Por essa razão é que, dessa vez, eu convidei o Jongo da Serrinha para fazer comigo a música Caxambu, que foi sucesso na voz de Almir Guineto e que não fazia parte do repertório original de Tecnomacumba. O jongo como expressão musical é ancestral do funk carioca", acrescenta Rita, lembrando que o Jongo da Serrinha animará a festa depois que ela sair do palco.

Já a participação de Márcio Local se deve ao fato de a cantora ser uma artista atenta aos novos valores da MPB. "Márcio Local é um cantor e compositor carioca muito talentoso que está despontando na cena. Ele tem um enorme carisma e é herdeiro da musicalidade de Jorge Ben e de Simonal. Quero apresentá-lo ao meu público porque acredito em seu potencial. Fiz isso com Zeca Baleiro e com Vander Lee, e, hoje, eles são senhas conhecidas em todo Brasil", argumenta. “Devo agradecer esse trabalho ao apoio que tive de pessoas como Alcione, Ângela Leal, Joao Willys, Ney Matogrosso. O show de lançamento conta com cenário e figurino ecológicos concebidos pelo artista Cássio Brasil. Cortinas de jornais reciclados fazem referência à decoração dos barracões de terreiros e centros de umbanda e, ao mesmo tempo, à tecnologia traduziu a oralidade da cultura afro-brasileira em palavras impressas, permitindo a sua preservação e circulação. "Por isso é que, hoje, toda macumba é tecnomacumba", conclui Rita Ribeiro.

Em termos musicais, o show prima por fusões sutis ou expressas de MPB, sons eletrônicos e pontos e rezas das religiões afro-brasileiras, num repertório que inclui Cavaleiro de Aruanda (Toni Osanah), Domingo 23 (Jorge Benjor), Babá Alapalá (Gilberto Gil), Oração do Tempo e Iansã (ambas de Caetano Veloso), Coisa da Antiga (Wilson Moreira e Ney Lopes), É D Oxum (Gerônimo e Vevé Calazans), Rainha do Mar (Dorival Caymmi), Moça bonita (Jair Amorim e Evaldo Gouveia), Xangô, o vencedor (Ruy Mauriti e José Jorge) e Cocada (Antonio Vieira), entre outras pérolas. A novidade em relação ao repertório do DVD é a releitura de Caxambu (Bidubi do Tuiuti, Jorge Neguinho, Elcio do Pagode e Zé Lobo). A direção musical está a cargo de Israel Dantas, guitarrista da Cavaleiros de Aruanda, a banda que acompanha Rita Ribeiro e da qual também fazem parte os músicos Alexandre Katatau (baixista), Lúcio Vieira (baterista e programador eletrônico), Pedro Milman (tecladista), Paulo He-Man (percussionista).

QUINTA 26 de Novembro a partir das 22h

RITA RIBEIRO

www.INGRESSO.com.br

Ingressos: R$ 25 meia / R$ 50 inteira

Circo Voador - Rua dos Arcos S/N° - Lapa - Tel.: (21) 2533-0354

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


QUE OS ANJOS DIGAM AMÉM

NA SALA JOSÉ CÂNDIDO DE CARVALHO



A Sala José Candido de Carvalho recebe, dia 08 de dezembro a artista Deise Paiva com a exposição “Que os anjos digam amém”.



Segundo o historiador Marcelo Ramos Duarte, Deise Paiva resgata a tradicional intimidade brasileira com os santos – os padrinhos divinos – para apresentar valores modernos como nacionalidade, miscigenação e vida urbana. Com cores fortes e o exagero decorativo, os quadros reproduzem o ostensivo apelo das imagens de tempos nas quais reinava a cultura iletrada. Contudo, eles transparecem a sutil ironia da artista, que busca contrapor ao imaginário coletivo do socorro divino, a súplica dos próprios santos, que pedem ao telespectador uma reflexão sobre a sociedade na qual vive.


Deise Paiva



Cursou a Universidade de Belas Artes do Rio de Janeiro, foi designer gráfica e atuou no ramo de estilismo. Dedicada à prática de pintura há trinta anos, só começou a expor seus trabalhos nos últimos cinco por insistência da família e amigos. Frequentadora do Ateliê do Museu do Ingá, desde 2005, vem desenvolvendo novas técnicas, como a utilização de couro e formas em relevo. Suas pinturas traduzem uma experiência de mais de duas décadas como estilista de estamparia, revelando cores, brilhos, texturas, características marcantes em suas obras.


SERVIÇO:

Abertura: 08 de dezembro de 2009

Visitação: 09 de dezembro a 18 de janeiro de 2010

Horário: Segunda a sexta-feira, 9h às 17h

Local: Sala José Cândido de Carvalho.

Rua Presidente Pedreira, 98 . Ingá . Niterói

2621 – 5050

GRATUITO

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

OLHAR IMORAL SOBRE A TELA













O artista plástico Cláudio Pegorim usa a arte como ferramenta de transgressão das certezas do corpo na exposição Olhar Imoral, a partir de 18 de novembro, às 19 horas, no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno. O mote da mostra é a imoralidade como um pré-conceito contido em 16 trabalhos de formatos e resoluções diversas, sempre abstratos em óleo sobre tela e madeira.


“O modo como as pessoas determinam a visão da arte só isso é uma imoralidade. Os meus trabalhos retratam minha vida, minha família, meus filhos, a resistência no olhar das pessoas em relação a arte. A imoralidade é ser livre.” Revelou Pegorim após ler a obra A Alma Imoral
(do rabino Nilton Bonder) e assistir ao espetáculo homônimo protagonizado pela atriz Clarice Niskier.

A obra Você me Corta e Vai, escolhida para ilustrar o convite da mostra, revela o universo da marcenaria, talvez oriundo da formação em arquitetura do artista, sua relação com a madeira e com o verniz. “Esse quadro é tratado como o princípio de tudo. A madeira falando pra mim. É um diálogo meu com a tela. Quando interfiro, deixa de ser madeira e vira obra. Por conta disso, oito trabalhos receberam o nome de Exercício de Ver Você. São oito pequenos formatos em óleo sobre madeira, uma série com o mesmo nome onde usa a lixa para dar cor e origem as imagens: “Nomeio meus trabalhos embora considere a visão do espectador uma experiência sensorial única. É muito comum procurarem uma posição e se não encontram encantamento é porque a bagagem pessoal não permite. Penso nisso toda vez que lembro de situações vividas, como a morte do meu pai, uma mudança pessoal radical. O ser humano tá estressado. O olho não pára mais. Há uma necessidade de renovação. A arte é inversa a essa corrida desabalada. É preciso deixar fluir a emoção” observa o artista.

Para ilustrar o conceito do evento, o pintor cita o escritor Nilton Bonder:

“há um olhar que discerne, há um olhar que enxerga, há um olhar que reconhece, há um olhar que desnuda, e não hesita em afirmar fidelidades perversas e traições de grande lealdade. Este olhar, é o da alma." Cláudio Pegorim deixa na alma do espectador as dúvidas da evolução, a angústia, a decepção, a expectativa e a frustração de não poder viver só de sua arte. Uma arte que já foi trabalhada com pigmentos retirados das terras de Tiradentes, em Minas Gerais, mais uma demonstração de sua verve visceral agora transmutada em passionalidade a ser vista no Centro Cultural Paschoal Carlos Magno.


SERVIÇO

EXPOSIÇÃO "OLHAR IMORAL” – CCPCM

Abertura : 18 de novembro, às 19h

Visitação: de 19 de novembro a 10 de dezembro 2009 (segunda-feira, das 13 às 17horas; terça a sexta-feira, das 10 às 17h; sábados e domingos e feriados, das 10 às 15horas)

Encontro com o artista: 08 de dezembro (terça-feira), às 19h

Local: Centro Cultural Paschoal Carlos Magno

Rua Lopes Trovão, s/n°, Icaraí, Niterói

Tel.: 2610 – 5748

ENTRADA LIVRE

Testemunhas do fim de uma Era

  Estamos assistindo ao fim de uma geração que não tem substitutos à altura Vi um comentário do jornalista e crítico Mauro Ferreira (G1) ...