terça-feira, 18 de julho de 2023

Testemunhas do fim de uma Era

 

Estamos assistindo ao fim de uma geração que não tem substitutos à altura

Vi um comentário do jornalista e crítico Mauro Ferreira (G1) sobre o fim de uma era, acontecendo na nossa cara. Já não temos mais Erasmo Carlos, Gal Costa, Rita Lee, João Gilberto e agora, João Donato se foi. Eu sempre achei que as pessoas não são insubstituíveis, mas mal substituídas. E me parece que este é o ponto. Quem será que "ocupa este lugar"? 

O Brasil gosta muito de Rei Pelé, do futebol; Rainha Xuxa, dos baixinhos. A pessoa começa a virar uma celebridade indiscutível e logo ganha a alcunha de um Rei Roberto. Lamentável. 

Mas o que me fez refletir e seguir a linha de pensamento do Mauro foi justamente porque artistas são seres únicos. Mais ainda que nós, meros mortais ouvintes e fãs, que também somos únicos. Porém os artistas são únicos e eternos pra muita gente que se formou com a audição de quarenta, cinquenta anos de carreira, com discos, shows, livros e toda a obra daquele cantor ou banda.

Difícil saber aonde vamos parar após o fim da máquina de escrever!

Abaixo, na foto, Neuzinha Rivera se delicia com o vinil original do disco Feitiço (1978)

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Álbum póstumo do Saara Saara homenageia o seminal duo tecnopop brasileiro

Dupla niteroiense de música eletrônica formada por Raul Rachyd e Sérvio Túlio deixou gravações ao vivo, demos e takes alternativos –agora lançados em Sheherazade Que Se Cuide!

 

 

Seminal duo tecnopop brasileiro iniciado em 1985 – e que ganhou status de cult em rádios e casas noturnas como Fluminense FM e Crepúsculo de Cubatão – o Saara Saara foi formado pelos saudosos músicos Sérvio Túlio (voz, efeitos, programações) e Raul Rachyd (vocais, programações, efeitos). Depois de se separarem, no final dos anos 80, voltaram nos anos 2000 e criaram, há vinte anos, o seu primeiro e único álbum, Sucessos Que o Mundo Esqueceu.

 

Durante a carreira a dupla foi elogiada por nomes como Bebel Gilberto e Fernanda Abreu; cobiçada por selos e gravadoras, lançou videoclipes e ganhou matérias em jornais, revistas, TV’s e até uma capa do Segundo Caderno, de O Globo – mas mesmo assim, com medo que “mudassem o som”, não assinaram contrato durante seu auge. Permanecendo, assim, sem pressão da grande indústria. Porém o contrato veio a acontecer anos mais tarde, em 2003, com o selo Astronauta Discos. Em 2023 Sucessos Que o Mundo Esqueceu completa 20 anos. A cópia física em CD virou raridade.

 

Aqui temos Claudinha Niemeyer, contrabaixista da Blitz e que já tocou com Rita Lee, entregando uma cópia do CD do Saara Saara para Lee, em 2004, em SP.


 

 

Comemorando com uma homenagem póstuma e buscando saciar o desejo sonoro dos fãs, eis que dia 21 de JULHO, sexta-feira, chega às plataformas digitais o álbum Scheherazade Que Se Cuide!. Reunindo uma seleção de vinte gravações inéditas em streaming e provenientes de demo perdidas, raras, outtakes e captações ao vivo em diversos formatos, as faixas foram remasterizadas e reorganizadas para esta homenagem. Um belo presente para jamais esquecermos a contribuição do duo Saara Saara para a música brasileira contemporânea – fruto do legado de Sérvio Túlio e do Raul Rachyd. 

 

                                                                                                       Aqui temos Helena de Barros, amiga e fã de Saara Saara, com Sérvio.

 

 

SOBRE SAARA SAARA

 

Saara Saara é cultuado por admiradores da música eletrônica, que recém-surgia no Brasil. Originários de Bom Jesus do Itabapoana, no interior do RJ, e radicados em Niterói, estouraram no dial da rádio 94,9, A Maldita, em 1986, com uma demo-tape gravada num equipamento caseiro Tascam de 4 canais. O estúdio costumava ser no apartamento de Sérvio Túlio, mais precisamente em seu quarto, em um edifício da rua Gavião Peixoto, em Icaraí. A partir daquela data Sérvio Túlio e Raul Rachyd viraram baluartes dos “alternativos” da pacata cidade-sorriso, evitando que os jovens explodissem de tédio e caretice.

 

Sérvio era vizinho de bairro e amigo da Fernanda Young (quando ela ainda iniciava suam múltipla carreira). Em 2002 a Fernanda escolheu a música Amar É Chique para usar no comercial que estrelou para a marca de jeans Ellus – e isso deu visibilidade novamente ao Saara Saara. Confira aqui o comercial de TV, com a trilha: https://www.youtube.com/watch?v=NEDXGeQvE9s

 

Raul Rachyd se foi do Planeta Terra no ano de 2011 – deixando as gravações de um possível segundo álbum e qualquer outra atividade do Saara Saara em suspenso. Já Sérvio desembarcou daqui de repente este ano e, por obra do destino, foi velado em 11 de março – aniversário da cantora alemã Nina Hagen, que é uma de suas maiores inspirações artísticas. O selo Astronauta Discos agradece carinhosamente aos amigos e familiares dos artistas que apoiaram e colaboraram com esta homenagem.

 

 


 

SOBRE O ÁLBUM

 

“Ainda chocado com a perda do querido amigo Sérvio – que além de nos ter confiado seu único álbum em vida, sempre torceu muito pelo selo Astronauta – sugeri a outro amigo nosso, Marcellus Schnell, autor da capa do primeiro álbum, que criasse a capa e colaborasse com cópias de gravações que eu não tinha. Desde 2003 já vinha conversando, tanto com Raul quanto com o Sérvio, para lançarmos as gravações demo como faixa bônus. Mas o dia a dia e outros projetos nos engoliram. Mesmo que póstumo e como homenagem, fico feliz que todos possam ter acesso a estas pérolas que marcaram época. E indicar para os ouvintes das novas gerações é fundamental, já que eles eram precursores”, explicou o jornalista e pesquisador Leonardo Rivera, diretor artístico do selo e criador do álbum.

 

 “O título Sheherazade Que Se Cuide! foi extraído da letra da faixa Saara Saara, uma das primeiras a tocar nas rádios. Procuramos apenas potencializar os áudios nas remasterizações das faixas, sem mudar os cortes abruptos dos finais de algumas gravações, para não alterar o trabalho deixado originalmente por eles. Alguns áudios estão mais altos que outros por isso”, finalizou.

 

SOBRE O SELO ASTRONAUTA

 

O selo ASTRONAUTA DISCOS está na sua órbita! É um label com 4 ases: artístico + afetivo + autoral + artesanal, para quem gosta do melhor produzido em nossa cena pop/rock, o som eletrônico conceitual ou ainda a MPB vanguardista de nosso elenco e catálogo.

 

Criado e desenvolvido desde 1999 pelo produtor, escritor e jornalista Leonardo Rivera quando deixou o Departamento Artístico da PolyGram/Universal Music, o selo Astronauta é uma forma de Rivera imprimir sua digital nos lançamentos – sempre em parceria com os artistas e empresas estratégicas (Universal Music, Warner Chappell, Sony Music, UBC, Tratore, Nikita, etc).

 

Em novembro de 2023 comemora 24 anos de existência apontando para o futuro e celebrando as atividades ininterruptas, em mais de duas décadas, sempre se preocupando com resgates e com a revelação e profissionalização de novos artistas. Lança álbuns e artistas que não recebem a devida atenção no departamento artístico das grandes gravadoras; acredita no equilíbrio entre a música e o mercado; e respeita expressões artísticas legítimas. Por tudo isso é a casa para o artista no início de sua trajetória e um foco de resistência para o talento do futuro.

 

Já lançamos os dois primeiros álbuns dos Autoramas, a estréia do trio Galaxy, de Beto Lee; e álbuns de Luis Capucho, Maniva, Zeroballa, Vitrolas, Mr Sombra (com participação de Cássia Eller), Mestre Kuca, Coyote Valvulado, Prosaico, Mykonos Flame e André Barroso & Banda. Ainda lançamos O Divã Intergaláctico (com participação especial de Júpiter Maçã), Darma, Ju Martins, Senhor Kalota, Versus, Lanzé, GRV, Los Bife; singles de Chico Chico, Cris Braun e Zé Ibarra; faixas e álbuns de Paul Rock & Zé Ramalho, Pedra Relógio, Marcela de Sá, Satoru, Muddora, Maverick Benedicto e tantos outros que passaram e ainda vão passar pela nossa curadoria. Visite o site oficial e saiba mais em www.astronautadiscos.com.br

 

FICHA TÉCNICA

 

Concepção e Direção Artística: Leonardo Rivera

Capa/Design Gráfico: Marcellus Schnell

Remasterização: AstroBoy Studios

Selo: Astronauta Discos

Editora: Astronauta Publishing e obras de Domínio Público

Agradecimentos Especiais: Marcellus Schnell e Helena de Barros; Lilia e Cecília Serodio; Claudia Megre Rachid; além de todos os familiares e amigos.

 

(P) e © 2023 Fonoastronauta Produções LTDA ME

 

FAIXA A FAIXA

 

01 - Olhar Eletrônico

 

Uma das primeiras gravações da banda, em 1986. Nunca foi regravada. Raul Rachyd (vocal e teclados), Luis Eduardo Bum (programação de bateria eletrônica e guitarra) e Sérvio Túlio (vocal). Gravado em um Tascam de 4 canais.

 

02 - Saara Saara

 

Gravação Original Demo de 1986. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (voz, teclados, programação, máquinas).

 

03 – Serenata

 

Composta em 1988 e também nunca regravada, foi registrada em Demo de 1989 no gravador Tascam de cassete, em 4 canais. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

04 – Hutzliks Mutanyum

 

Gravação Original Demo de 1986. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

05 – Eclipse Lunar

 

Gravação Original Demo de 1987. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

06 – Esterilizados

 

Gravação ao vivo na Casa de Cultura Laura Alvim, em Agosto de 1989. Sérvio Túlio (Akai tape deck cassete, samplers e voz) e Raul Rachyd (teclados e máquinas).

 

07 - Il Trionfo Della Demenza

 

Gravação Original Demo de 1992. Trilha instrumental remasterizada por Sérvio Túlio em 2018.  Sérvio Túlio e Raul Rachyd (teclados, efeitos e maquinas).

 

08 - Ich Bin, Was du Vergessen Hast

 

Obra de Peer Raben & Hans Magnus Enzensberger. Gravação Original Demo de 1988. Sérvio Túlio e Raul Rachyd (teclados, efeitos e maquinas).

 

09 - Dr Fritz

 

Gravação Original Demo de 1987. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

10 - Das Lied von der Moldau

 

Demo da obra de Eisler e Brecht. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

11 – Seres do Espelho

 

Gravação Original Demo de 2010. Sérvio Túlio (vocais e samplers), Raul Rachyd (teclados e máquinas).

 

12 - Scheherazade

 

Gravação realizada ao vivo em agosto de 1989, no porão da Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema (RJ). Sérvio Túlio (voz, efeitos) e

Raul Rachyd (teclados).

 

13 – Fas Et Nefas Ambulant

 

Gravação realizada ao vivo no SESC Niterói, em 2010. Obra extraída de Carmina Burana 19 - ca. 1170 - Carmina moralia et satirica - Gualterius de Castillione (ca. 1135 - ca. 1179). Sérvio Túlio (vocais e efeitos), Raul rachyd (teclados e máquinas) e Brian Higgin (guitarras e efeitos)

 

14 – HokusPokus

 

Demo Original de 2005. Sérvio Túlio (vocais e samplers), Raul Rachyd (teclados e máquinas).

 

15 – Drei Sterne Sah ich Scheinen

 

Gravação ao vivo em 2004 na Festa DDK (RJ). Canção de Theo Mackeben e Hanns Brennert, original da trilha do filme Heimat (1938). Sérvio Túlio (vocais e samplers), Raul Rachyd (teclados e máquinas) e Brian Higgin (guitarras e efeitos). Vocais convidados: Luciana Lazulli e Uwe Brandt (recitando o texto).

 

16 – BIP

 

Gravação extraída do show ao vivo em 2010, no SESC Niterói. Sérvio Túlio (vocais e samplers), Raul Rachyd (teclados e máquinas) e Brian Higgin (guitarras e efeitos).

 

17 – Musik

 

Gravação Original Demo de 1986. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

18 – Alamistakeo

 

Gravação Original Demo de 1986. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

19 – Monstros

 

Gravação Original Demo de 1987. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

20 – Saara II

 

Gravação Original Demo de 1986. Sérvio Túlio (vozes e programação eletrônica) e Raul Rachyd (teclados, programação, máquinas).

 

PRÉ-SAVE:


https://nk.nikita.com.br/ScheherazadeQueSeCuide_SaaraSaara

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